A evolução do Linux e dos sistemas operacionais na era DevOps

A evolução do Linux e dos sistemas operacionais na era DevOps
A evolução do Linux

A evolução do Linux e dos sistemas operacionais na era DevOps

Quando falamos em tecnologia, é fácil pensar logo em Windows, Android ou macOS. No entanto, existe um protagonista silencioso por trás de servidores, roteadores, TVs, nuvem, containers e até da área de DevOps: o Linux.

Ele começou como um projeto de estudante e hoje é a base de grande parte da internet, de grandes empresas e de muitas carreiras em tecnologia. Por isso, entender como o Linux evoluiu e onde ele aparece é fundamental para quem quer trabalhar de forma profissional com infraestrutura, automação e cultura DevOps.

Neste artigo, vamos passar pelos principais pontos. Assim, você consegue enxergar o cenário completo:

  • como o Linux surgiu e o que o diferencia de outros sistemas;
  • o papel das distribuições;
  • onde o Linux roda hoje (inclusive em sistemas embarcados);
  • a relação do Linux com a nuvem e com o mercado de trabalho.

Do Unix ao Linux: uma ideia que virou ecossistema

Antes do Linux, já existia uma família de sistemas operacionais chamada Unix, usada principalmente em universidades, grandes empresas e data centers. Esses sistemas eram robustos, estáveis e voltados para ambientes de servidor, entretanto também eram caros e proprietários.

Nos anos 90, Linus Torvalds começou um projeto pessoal: criar um kernel (núcleo do sistema operacional) compatível com Unix, que pudesse ser estudado, modificado e redistribuído livremente. Desse esforço nasceu o kernel chamado Linux.

O que fez o Linux explodir não foi só o código em si, mas também o modelo colaborativo adotado desde o início. Em outras palavras, o projeto cresceu justamente porque muita gente conseguiu participar.

  • o código é aberto (open source);
  • qualquer pessoa pode estudar, sugerir melhorias e contribuir;
  • empresas e comunidades podem adaptar o sistema às suas próprias necessidades.

Com o tempo, o Linux deixou de ser apenas um kernel e passou a fazer parte de um ecossistema completo. Dessa forma, surgiram ferramentas de linha de comando, bibliotecas, ambientes gráficos, gerenciadores de pacotes, documentação, comunidades e empresas em volta do projeto.

O papel das distribuições Linux

Quando falamos “Linux”, na prática quase sempre estamos falando de uma distribuição. Em resumo, a distribuição é a forma como o Linux chega pronto para o usuário.

Uma distribuição (ou “distro”) é um conjunto organizado de:

  • kernel Linux;
  • ferramentas básicas (shell, utilitários, bibliotecas);
  • gerenciador de pacotes;
  • aplicativos padrão;
  • configurações e personalizações.

Ela é como um “sabor” de Linux, preparado para um tipo de usuário ou cenário. Por exemplo, alguns nomes bem conhecidos são:

  • Ubuntu, Linux Mint, Debian – muito usados em desktops e servidores;
  • Fedora, CentOS Stream, Rocky Linux, AlmaLinux – bem populares em servidores e ambientes corporativos;
  • Arch, Manjaro, openSUSE – focados em usuários avançados ou em modelos de atualização diferentes.

Apesar de terem filosofias, ferramentas e padrões diferentes, todas essas distribuições compartilham a mesma base: o kernel Linux e a ideia de software livre. Portanto, aprender Linux em uma delas facilita bastante a adaptação às demais.

Por que existem tantas distribuições?

Isso acontece porque as necessidades são diferentes. Assim, cada grupo pode ter um Linux mais adequado ao próprio contexto:

  • empresas querem estabilidade, suporte e previsibilidade;
  • desenvolvedores podem preferir distribuições mais atualizadas;
  • usuários iniciantes valorizam instalação simples e interface amigável;
  • fabricantes de dispositivos (roteadores, TVs, dispositivos IoT) precisam de algo leve e customizável.

O modelo aberto permite que cada grupo crie sua própria versão, mantendo a compatibilidade com o ecossistema Linux. Dessa forma, o sistema continua evoluindo em várias direções ao mesmo tempo.

Linux muito além do desktop: sistemas embarcados

Quando alguém diz que “não usa Linux”, normalmente está olhando apenas para o computador de mesa ou notebook. Porém, o Linux está em muitos lugares em que você nem percebe.

Sistemas embarcados são computadores “escondidos” dentro de outros dispositivos. Eles não são usados diretamente pelo usuário como um PC, mas controlam funções específicas. Entre eles, podemos citar:

  • roteadores e modems;
  • smart TVs;
  • câmeras IP;
  • caixas de som inteligentes;
  • relógios, painéis e equipamentos industriais;
  • dispositivos de automação residencial.

Nesses cenários, o Linux é uma escolha muito forte porque:

  • é leve e personalizável;
  • permite remover tudo o que não é necessário;
  • tem suporte a uma enorme variedade de processadores e arquiteturas;
  • o fabricante não paga licença por cópia, o que reduz custos.

Consequentemente, esse “Linux invisível” é parte do motivo pelo qual o sistema se tornou tão importante para quem trabalha com infraestrutura, redes e internet das coisas.

Linux na nuvem e no mundo DevOps

Se por um lado o Linux domina os sistemas embarcados, por outro ele é praticamente onipresente na nuvem. Em muitos provedores, ele é a escolha padrão.

Quando você sobe uma máquina virtual em provedores como AWS, Azure, Google Cloud ou outros, é muito comum escolher imagens baseadas em:

  • Ubuntu Server;
  • Debian;
  • Rocky Linux;
  • AlmaLinux;
  • ou outras distros voltadas a servidores.

Isso acontece por vários motivos. Entre os principais:

  • o Linux é estável, modular e flexível;
  • tem excelente suporte a ferramentas de rede, segurança e automação;
  • é a base padrão para muitos serviços gerenciados, containers e plataformas PaaS.

Containers, Kubernetes e automação

Além disso, ferramentas como Docker e Kubernetes também cresceram em cima do ecossistema Linux. Ou seja, quem trabalha com containers inevitavelmente esbarra no sistema.

  • containers usam recursos do próprio kernel Linux (namespaces, cgroups, etc.);
  • a maioria dos clusters Kubernetes em produção roda em nós Linux;
  • grande parte dos pipelines de CI/CD usa imagens Linux como base.

Para quem trabalha com DevOps, SRE ou administração de sistemas, isso significa que:

  • saber navegar no terminal Linux;
  • entender permissões, processos, rede e arquivos;
  • dominar gerenciadores de pacotes e serviços

deixa de ser opcional e passa a ser competência básica. Portanto, investir tempo para aprender Linux é uma decisão estratégica.

Linux no desktop: menos visível, mas muito relevante

No desktop tradicional, o Linux ainda não é maioria. Mesmo assim, ele tem um papel importante em vários segmentos.

  • é muito usado por desenvolvedores e profissionais de infraestrutura;
  • é comum em laboratórios, universidades e ambientes educacionais;
  • distribuições mais amigáveis (como Ubuntu e Linux Mint) se tornaram alternativas estáveis para quem quer fugir de sistemas proprietários.

Além disso, muitos aplicativos e ferramentas modernas já nascem pensando em Linux. Como resultado, o sistema virou um ambiente natural para desenvolvimento e automação.

  • linguagens como Python, Go, Rust e Node são muito bem suportadas;
  • editores como VS Code e IDEs diversas têm excelente integração;
  • ferramentas de automação, observabilidade e monitoramento quase sempre têm suporte nativo a Linux.

Mesmo quando o profissional usa Windows no dia a dia, é comum recorrer a soluções como WSL (Windows Subsystem for Linux) para rodar ferramentas típicas de servidor no ambiente local. Dessa forma, ele consegue combinar os dois mundos.

A comunidade Linux e a carreira em open source

Outro ponto essencial da evolução do Linux é a comunidade. Sem ela, o sistema não teria chegado tão longe.

Por trás do sistema há:

  • desenvolvedores que contribuem com código;
  • mantenedores de distribuições;
  • autores de documentação, cursos e tutoriais;
  • pessoas que respondem dúvidas em fóruns, listas, grupos e chats.

Esse modelo colaborativo gera oportunidades profissionais de vários tipos. Além disso, ele cria um ambiente perfeito para quem gosta de aprender na prática.

  • empresas que contratam especialistas em Linux para administrar servidores e nuvens;
  • consultorias de infraestrutura, segurança e DevOps;
  • participação em projetos open source, que muitas vezes rendem visibilidade e portas abertas no mercado;
  • criação de conteúdo e formação técnica (cursos, blogs, treinamentos).

Trabalhar com Linux e open source não é apenas “usar um sistema diferente”; é entrar em um ecossistema em que compartilhar conhecimento faz parte da cultura. Em consequência disso, quem contribui aprende mais rápido e se destaca.

Checklist para quem quer começar com Linux pensando em carreira

Para fechar, vale organizar um roteiro prático para quem quer usar essa base como trampolim profissional. Assim, você sabe por onde começar:

  1. Escolher uma distribuição voltada a aprendizado e servidores (Ubuntu, Debian, uma derivada de Red Hat etc.).
  2. Fazer tudo o possível pelo terminal: navegar em diretórios, gerenciar arquivos, ver processos, acompanhar logs.
  3. Entender gerenciadores de pacotes: instalar, atualizar e remover software com segurança.
  4. Explorar serviços de rede: SSH, servidores web, banco de dados, firewall.
  5. Brincar com containers: começar com Docker, depois olhar para Kubernetes.
  6. Participar de comunidades: fóruns, grupos e projetos open source para ver problemas reais.

Em resumo, o Linux evoluiu de um projeto acadêmico para um pilar da infraestrutura moderna. Quanto mais cedo você se aproximar desse universo, mais preparado estará para atuar em DevOps, nuvem e automação.

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